terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lula: o mestre do “Avesso”

Lula fez tudo e foi o contrário, o oposto do que se esperava, e - talvez ingenuamente - se imaginava que faria ou seria. Em outras palavras, não fez nada – ou fez muito pouco - do que se aguardava com ansiedade que fizesse - ou mesmo fosse. É o rei dos "contrários". Mestre do “avesso”. É o camaleão velhaco da política. Artífice da simulação. Professor dos pensamentos invertidos.

Explico. Na era “a.L.” (antes de Lula), que também pode ser chamada de era “pré-PT”, havia uma expectativa enorme por mudanças na condução política no Brasil em termos gerais. Especialmente nos campos da ética e da transformação em áreas da engrenagem administrativa governamental que são entraves históricos para o desenvolvimento mais acelerado e igualitário do país.

E esta expectativa vinha insuflada principalmente por aquela esperança que o próprio PT e também Lula simbolizavam e o papel político que vinham emulando havia anos. Então, desinformados e crédulos como eu viram em 2002 uma situação propícia para a mudança: um partido e um político que simulavam uma imagem de apego a valores morais nobres e transpareciam uma força de mudança positiva.

E o momento era aquele de “é chegada a hora”. Depois de Sarney, Collor, Itamar e uma reeleição forçada de FHC, a população – em especial aquele eleitor de classe média em geral conservador, mas com capacidade de discernir e tentar algo novo – acreditou neste “conjunto” de fatores. E assim o futuro “Cara” chegou ‘lá’, com o perdão do trocadilho de campanha. O desejo começava parecer materializar-se. Começava a era "Lula".

Necessitávamos de reformas estruturais (tributária, trabalhista, previdenciária e política), coisas que exigem determinação, empenho, negociação, liderança e real desejo de modernização. Mas “o cara” não mexeu em nada que fosse "difícil" (mesmo comprando a base aliada via mensalão e aparelhamento da máquina do estado).

Está aí uma das grandes decepções com o 'companheiro': é fácil ser demagogo e agradar o povão. Optou-se por programas de distribuição de renda, como a ampliação do Bolsa Família e mais recentemente o Minha Casa Minha Vida. Mas discutir com Estados, Municípios e o Congresso o arcabouço tributário, deixando-o mais moderno e inteligente, há isto não está na prioridade do dia de perpetuação no poder e dá muito trabalho! Melhorar as regras da legislação trabalhista, visando à redução da informalidade e facilitando a criação de novos postos de trabalho, há isto é complicado! Enfim, para o futuro, precisávamos continuar trabalhando de forma estóica por um estado eficiente e enxuto, mas ele nos presenteou com inchaço, empreguismo e déficit público.

E não menos importante, desejávamos uma mudança de rumo na política que sinalizasse seriedade... aquele desejo de mudança. No entanto ele se mostrou populista, praticou cooptação e desrespeitou o cargo com seu jeito fanfarrão.

Esperava-se ética, mas "o Cara" foi condescendente e frouxo com seus "colegas políticos" (especialmente os do PT). Com uma cara-de-pau sem igual, ele não sabia de nada, nunca estava informado das artimanhas e velhacarias que toda a camaradagem que lhe era de confiança aprontava e que, no final, lhe beneficiavam.

E quem achava que mexeria na economia (que faria “bobagens” nesta área), mostrou-se o mais ortodoxo e pragmático dos presidentes nesta área. Irônico, não? No exterior os outros “caras” (chefes de governo e estado) o vêem como um ‘assombro’. E assim segue o Rei das Desilusões, o mestre dos "Avessos".

E ainda querem eleger a companheira Queridilma Tabeff?!

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